Milhares de pessoas correm o risco de morrer de parada cardíaca todos os anos, mas poderiam ser salvas se soubessem onde está o desfibrilador mais próximo.
No Reino Unido, 30 mil paradas cardíacas acontecem fora dos hospitais anualmente. Menos de um em cada 10 sobrevivem, um número baixo em comparação com uma taxa de sobrevivência de 25% na Noruega, 21% na Holanda e 20% em Seattle, nos EUA.
Uma nova parceria entre a British Heart Foundation (BHF), Microsoft, NHS e New Signature quer resolver esse problema, mapeando todos os desfibriladores no Reino Unido. A partir dessa identificação, as atendentes das chamadas de emergência ao 999 podem dizer às pessoas onde o dispositivo mais próximo está, ajudando um paciente com parada cardíaca.
“Há um enorme potencial de impacto da tecnologia na transformação digital dos serviços de saúde do Reino Unido”, disse Clare Barclay, diretora de operações da Microsoft. “Essa parceria inovadora conecta o poder da tecnologia da Microsoft com a visão e o trabalho de salvar vidas da BHF e do NHS. Alimentado pela nuvem, esse projeto vai fornecer aos operadores de chamadas ao 999 informações que podem fazer a diferença em momentos cruciais e mostrar o potencial que parcerias como essa podem trazer para a saúde.”
A parada cardíaca ocorre quando o coração não consegue bombear de forma eficaz, resultando em uma perda súbita do fluxo sanguíneo. Os sintomas incluem perda de consciência, respiração anormal ou ausente, dor no peito, falta de ar e náusea. Se não for tratada em poucos minutos, geralmente leva à morte.
Desfibriladores podem salvar a vida de alguém que sofre uma parada cardíaca, fornecendo um choque elétrico de alta energia para o coração através da parede torácica. Isso permite que o marcapasso natural do corpo restabeleça o ritmo normal do coração.
No entanto, os desfibriladores são usados em apenas 2% das paradas cardíacas fora do hospital, muitas vezes porque os espectadores e os serviços de ambulância não sabem onde o dispositivo mais próximo está localizado.
Os proprietários dos milhares de desfibriladores nos locais de trabalho, estações de trem, centros de lazer e locais públicos em todo o país registrarão seus dispositivos com a parceria. Essas informações serão armazenadas no Azure, serviço de computação em nuvem da Microsoft, de onde serão usadas pelos serviços de ambulância durante situações de emergência. O sistema também lembrará os proprietários de verificar seus desfibriladores para garantir que estejam funcionando corretamente.
Espera-se que a parceria possa evoluir ao ponto de permitir que os próprios desfibriladores sinalizem sua condição, além de capturar dados do coração de pacientes com parada cardíaca, que podem ser enviados para os médicos.
Simon Gillespie, diretor executivo da BHF, disse: “Cada minuto sem RCP (Reanimação Cardiopulmonar) ou desfibrilação reduz a chance de uma pessoa sobreviver a uma parada cardíaca em cerca de 10%. Milhares de vidas poderiam ser salvas se o público conhecesse técnicas de RCP e tivesse acesso a um desfibrilador na maioria dos casos.”
“Embora tenhamos avançado na aceitação do treinamento em RCP nas escolas, os desfibriladores públicos raramente são usados quando alguém sofre uma parada cardíaca, apesar de sua ampla disponibilidade. Essa parceria única pode transformar isso de um dia para o outro, o que significa que milhares de pessoas receberão desfibrilação que salva vidas antes que os serviços de emergência cheguem.”
Simon Stevens, presidente-executivo do NHS England, acrescentou: “Isso promete ser mais um exemplo de como a inovação dentro do NHS leva a melhorias transformadoras no atendimento aos pacientes”.
A rede de desfibrilação será pilotada pelo Serviço de Ambulância de West Midlands e pelo Scottish Ambulance Service, antes de ser implementada em todo o Reino Unido.